- Amor -
Antonio Miranda Fernandes
- Amor -
Como é pura e linda esta palavra!
Por ela passam todos os dissabores,
Como tropéis, de animais e de homens,
E ela, tão delicada e tão terna,
Continua suave sem se contaminar
Dos sentires e das ofensas grosseiros.
- Amor -
Ela parece-me uma pequenina flor,
Esguia, solitária, à beira do caminho,
Cheia, como um diminuto cálice,
Do orvalho de alguma nuvem estival.
- Amor -
Como é pura e linda esta palavra!
No meu voo nômade pelas estações da vida
Eu me detenho em sua essência.
Interrompo a caminhada exaustiva
Por desertos de palavras enganadoras,
Parecidas,
Porém estéreis ocas e sem ecos,
Como dunas que transmudam ao vento.
- Amor -
Tal colibri em busca de néctar,
Abandono-me extasiado e sedento,
No jardim do verdadeiro querer.
Nele bebo e beberei eternamente,
Profundamente,
Demoradamente,
A minha primavera outonos adentro.