Letras órfãs
Inquietam-me as letras amontoadas diante de mim...
Parecem exigir atitude que não entendo.
Preocupam-me as folhas em branco abandonadas,
Sem dono e de minguado viço a espera dos versos.
Alguma coisa dói aqui dentro no momento oco
Porque sente no eco as ventanias de rapina soltas.
Temo perder-se na pauta a eternidade do momento...
A imortalidade do tempo de agora no condão da fada
Por ser triste o poema que não se faz.
Jaz inquietude...
Eu queria adotar o instante na existência fugaz
Das letras órfãs da magia dos sonhos por desvendar,
E urdir o poema antes que se despedace natimorto.
Assim se desfazem as bolas de sabão no vento do nada...
Queria esparramar calor sobre este arrepio de culpa...
O querer é pouco e o sol encoberto impõe o vazio.
Não pude...