Agarrado ao rabo do tempo

Antonio Miranda Fernandes

 

Como se alguma coisa tivesse se perdido aqui dentro,

Cerrei o livro que lia como se uma frase amputasse.

As reflexões haviam zarpado no apito de um navio entre mim e o nada.

O meu olhar estava agarrado ao rabo do tempo

No vento de um voo de lembranças que se abriam.

 

Não percebi a primeira estrela da noite que se estendeu...

 

Fechei o agasalho sobre o arrepio de frio do peito.

O mundo do lado de fora,

Seguiu na realidade, por não ter outro jeito.

Enquanto, por dentro das pálpebras

Eu me reencontrava nas metáforas do abandono das horas

Religando a frase que havia ceifado.