Alto, profundo e largo
Antonio Miranda Fernandes
Ressoou o silêncio alto, profundo e largo,
na salgada memória das vozes,
ao abrir ostras de lembranças agres.
A lua, quase morta, despregou-se do horizonte gris e difuso dos
guardados.
O cutelo de recordar, subiu e desceu,
a despedaçar estrelas e a retalhar águas abissais de naufrágios
adormecidos.
Na alma amedrontada e nos sentires tórpidos,
o singrar, ao passar pelos ventos de temporais despertos,
retesou e rompeu o cordão umbilical
que ligava o passado ao presente.
Fez-se torpor no silêncio alto, profundo e largo,
que voltou a ressoar no vazio.
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