Amarrotado de sono
Antonio Miranda Fernandes
No imenso muro da memória pintado de branco
Apenas um retrato ainda se move.
Um nome na centrifugação do tempo, nada mais.
Os outros que ali habitavam definharam
E se foram viajantes nos papeis dobrados
Roçados em areias ardentes a perderem letras
No abandono duma dor de deserto voraz.
Extraviaram-se aromas a rasgarem detalhes...
Talvez não regressem perdidos nas dunas nômades
Que, sem piedade, enterram palavras.
Ficou a vida, mas o que dela resta não consola
A ausência do rosto amarrotado de sono a dizer –
Bom-dia.