Assertiva do amanhã
Antonio Miranda Fernandes
Não indago...
Não rogo ao tempo um teorema...
A imediata afirmativa dele para não ouvir falsas esquivas.
Estamos todos em travessia embarcados numa nau invisível
Que não podemos tocar com as mãos.
Entre cada sim e cada não...
Na dúvida da vírgula,
Há a hesitação de uma lonjura astronômica.
Soube escolher o meu amarrilho de opções,
Entre as tantas no decorrer da vida,
Já que a escolha me foi, e ainda é oferecida.
Admiro o mar...
Sei de alguns poucos dos seus infindáveis mistérios,
E certeza.
(Atualmente vejo-o com menos metáforas que antes)
Não peço às espumas e vagas a verdade de um cais,
Se não sinto a convicção da estiva.
O sentir tem seus próprios mitos, conflitos e desvios.
É difícil definir o que seja fantasia...
A verdade e a mentira...
Pois uma hoje pode ter sido a outra ontem...
E aonde se oculta à assertiva do que será amanhã?
E qual eu haveria de preferir dentre os inquietos
E mutantes anseios?
Olho o céu à noite e constato-o nas estrelas...
Elas estão lá,
Mas a luz é emprestada...
O que é real afinal?
(Elas transformam-se diante do meu olhar)
Serão parte de um nada no tudo ou parte de um tudo no nada?
Na dúvida da vírgula,
Há a hesitação de uma lonjura astronômica.
Aceito a imposta realidade dos novos passos...
(Adaptados ao momento)
Sigo na direção que me coube e eu nunca o soube...
Vivo a feérica passagem do meu tempo!
Retardo-a o quanto puder num amadurecimento saudável.
Deleito-me com as belezas e as delícias que são próprias dele...
(Elas me pertencem por fim)
E decididamente o meu refletir está indisponível
Para coisas do apodrecimento.