Bêbadas atitudes
Antonio Miranda Fernandes

Parece-me despropósito o hoje
Com pensamentos para o amanhã.

Mais que isso
Tentar encaixá-los no tempo que foi ontem
Numa demência de febre octã.

Labirinto que não se explicará...
Desordem no efêmero mais passageiro que nunca
Pelo desvalor na importância dos instantes.

Esforço que parece cunha
Infiltrando-se à força na lacuna descuidada.
Equívoco...

Nada
Absolutamente nada
Será como antes.

Conceitos estorvando-se...
Roçando-se
Puindo-se
Desfazendo-se

Despindo-se do verniz
A construir estradas para deleite das traças
Que roem e ruem ao mesmo tempo nas horas de agora.

Bêbada atitude
Alternativa infeliz
A depreciar a beleza única e que não reflui.
Deixem às lagartixas o escalar os prumos das paredes.

Permite-se trôpega a certeza da verdade
A confundir a liberdade da intuição
E a grandeza da memória.
Ao fígado deem água, hidratem o porre, e matem-lhe a sede.

“Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”