Casualidade
Antonio Miranda Fernandes
Simplesmente chegaste...
Chegaste como chegam às casualidades na vida da gente...
Elas chegam sem aviso...
Sem serem esperadas...
Sem serem semeadas...
De repente...
Apenas chegam e ficam...
Brotam do nada...
Nada como itinerário...
Nada como filho sendo gerado...
Nada como botão antes da flor...
Nada como um bilhete de loteria...
Nada como dia de aniversário...
Nada como carnê de pagamento...
Nada como passagem de viagem...
Nada como lágrima antes no adeus...
Nada como uma data no calendário...
Nada como hora marcada...
Nada como chuva caída de nuvem escura...
Nada como um mês depois do outro...
Nada corriqueiro...
Às vezes elas chegam imprevistas sem ter por que...
Como quem ia para um lugar e, sem razão aparente,
Surpreende-se em outro que não aquele.
Surpreende-se...
O teu olhar indiferente e errante por cima do murmurinho...
Fixou-se por um breve instante no meu,
Que brilhava surpreso e encantado por descobrir-te.
Soabriste os lábios carmim num sorriso suspenso,
Como suspensos fizeram-se os passos...
Pude perceber neles alegria...
E eles disseram algo que só minha alma ouviu.
Nada será como antes depois desse momento,
E estás eternidade em mim.