Cigarras
Antonio Miranda Fernandes
Canto quando namoro
Não vibro asas como as cigarras
Pois naturalmente não as tenho
Eu estremeço o corpo
E ele se faz instrumento sonoro
Tons sustenidos e bemóis,
Cálidos... Gemidos... Graves e agudos...
Nem todos podem ouvi-los...
Teu corpo, que o meu ama, contudo,
Inflama-se com as chamas
Ele acolhe o pulsar quase demente
Entre pétalas róseas e umedecidas
Percebe o eclodir da semente
Em muitos sóis
Então se aquieta... Emudece e sente.
Canto tanto o encanto de tê-la
Na eternidade do mistério de amar
Que nossos corpos, fundidos num só,
No anseio apaixonado de doar,
Tremeluzem como as estrelas.