Diante da caça
abatida
Antonio Miranda Fernandes
Desejo a noite que está mergulhada no teu ventre...
Aí no mangue onde nadam as sementes da vida
E aonde irão se alagar as estrelas do meu avesso.
Quero dobrar as tuas coxas no apetite para amar
Mordendo os lábios da égua na entrada de ti...
Preencher-te com o potro que vive no meu peito
Até escoicear forte o profundo do teu começo
Num galope louco saltando faíscas do teu sangue
E rugir de prazer como urram de delírio as feras
Diante da caça abatida.