Empinar elefantes coloridos
Antonio Miranda Fernandes
Existem palavras que me sabem a mel...
Cedinho quando a manhã ainda é dormideira,
E exala aquele aroma de capim molhado
Porque foi roçada por uma palavra ousada,
E se encolhe de brejeirice, mas gosta...
Eu sou assim... quando começo um verso.
Contraio, arrepio, desvio, me centro, mas
O contento vem de dentro e não da gramática.
Quanto do sabor das balas de
Cosme e Damião têm para mim a expressão;
“era uma vez...”
Chega como promessa, sem pressa, meninil,
Primavera em abril, junho ou agosto,
Pouco importa se tudo tem sabor de doce,
Canta, floresce, gorjeia...
De janeiro a dezembro por todos os milênios.
Acho que vou mudar a frase para;
“era uma vez pra sempre...”
Quero boas doses de “era uma vez...”
Sabendo a ovinhos no ninho de passarinho,
Nos folguedos gostosos do trabalho,
Na contagem dos carneirinhos...
Na infância tudo é possível,
Até a menina de azul esquiar na neve azul,
Empinando elefantes coloridos,
Seguros pelas trombas, com barbantes...
Hoje pela manhã experimentei palavras com
Sabor de brigadeiro...
Cada vogal...cada consoante...
Tinha o sabor daqueles confeitos que colocam
Por cima do poema e dentro dele,
Recheados de mel,
Os versos...
Ah! Quero que seja uma vez pra sempre...
Delícias de lamber os dedos, lamber a alma...
Como a fera lambe a cria,
E rir gostoso como só uma criança sabe.
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