Maré vazante
Antonio Miranda Fernandes
Havia encanto no sibilar mavioso que se ouvia
Da brisa fresca que soprava do mar para a terra.
Os capins semeavam-se nas areias quentes...
As dunas tal mamas intumescidas por desejos,
Lentamente mudavam de lugar no cair da tarde.
A salsugem úmida sangrava sobre o ventre
Rente às espumas amarelecidas de beira-mar.
Os cheiros de prazer e maresia na maré vazante
Mesclaram-se após o estremecimento profundo.
Os lábios febris na súplica de um beijo,
Invocavam o retorno das pegadas que se afastaram.
O tremeluzir das estrelas esticou as distâncias...
O lamento da ausência fez-se por toda parte,
E a entrega que se escrevia dissipou-se na noite.