Medida exata
Considerando friamente, reconheço tenho tristezas...
Existe alguém que não as tenha?
Acho que as minhas são iguais as dos outros,
Nem mais, nem menos.
Certamente cada um tem a sua medida exata de ser triste...
Nem por isso escrevo apenas poemas de desencantos.
Afinal eles estão por aí no estender da vida.
Sou de momentos diferentes a cada girar do caleidoscópio...
De fases...
Como a lua, como as marés, como a rua, como a mulher nua,
Como o capim no ruminar da vaca,
Como o bolo sendo possuído e engravidado pelo fermento.
Considerando-me casualidade esqueço-me de chorar,
E entrego-me à realidade crua...
Suo... Mato... Sangro... Esquartejo... Alimento-me e canto mantras.
Como qualquer devoto... Qualquer pecador... Qualquer santo.
Tudo parece ter sentido, mas o tudo muda no relativo seguinte.
Pensando bem vou trancar alguns sonhos nas gavetas,
Deixá-los lá... Esquecidos...
Bons e maus permutando entre si o que tiverem demais...
Sedimentando-se...
Confundindo-se...
Devorando-se se entenderem assim...
Consumindo-se em ritual canibal...
E suturar feridas sozinho acocorado no momento de aguardar...
Arrastando reflexões e sentires a cada ponto...
Uns mais apertados que outros...
Vou beijar as pedras frias dos silêncios profundos do meu caminho...
Afinal ele me pertence.
Mais adiante, para amenizar o que for desagradável,
Vou fazer-me um sinal e com o balançar do dedo vou convidar-me...
VEM!
E abraçar-me com emoção... Como se abraça um grande amigo...
Com a mais sublime das emoções!