Papel abandonado
Antonio Miranda Fernandes
Tentei construir com palavras um muro.
Dessas palavras que nos afagam e protegem
E nos beijam.
Eu queria deixar do lado escuro
As palavras que insistem em trazer desgostos.
Essas que chegam, salgam a felicidade
E matreiras escondem o rosto.
Elas conseguem invadir a noite mais forte,
E desenlaçar o abraço dos amantes.
Tentei, mas não consegui...
Ficaram apenas rabiscos num papel abandonado
Sobre o gramado como epitáfio de morte.