Pretérito quase perfeito

Do relacionamento pretérito quase nada:
Alguns pedaços confusos de versos que eu sabia de cor e salteados
Agora sendo dispersos pelas lembranças.

Algumas fotografias amareladas de sorrisos posados.
Todos ou quase, impessoais.
Algumas imagens talvez só existam dentro de mim, na verdade.
Porventura impressões gravadas nas retinas pelo vício de olhar...
Nada mais.

Um rasto tênue de perfume imaginário exalado de frascos quebrados.
Os cacos do cristal partido não deixa perceber aonde é o princípio.
Nada adiantaria revirá-los na procura...
Talvez sangrasse...
E se encontrado tampouco valeria recriar o quebra-cabeça.

Oh espelho...
Por gentileza, devolva-me o olhar iluminado...
Há pouca luz nos meus olhos para enxergar o íntimo do sonho,
E não tenho mais sorrisos guardados.
Das miragens dos encantamentos furtaram-me até a última migalha,
Nem tenho reflexos de alegria na reserva dos sentimentos.

Delineei sorriso, pois ainda tenho a sensação do amor por perto...
Em momentos esparsos...
Quase escassos...
Quase soluços...
Suspiros...

O corcel que galopava contente dentro do meu peito já não o faz.
Ele jaz nas mentas, framboesas, anises e cerejas do bosque onde se perdeu
A amante de roupas transparentes e fala macia.

Ainda ouço alguns ecos de fundo raso do seu cantar sereno distante...
Que se afasta...
Que se esvai...
Que se vai...
Desvanecendo-se cada vez mais.