reflexões de andarilho
Antonio Miranda Fernandes
neste meio de caminho
a alma
colhe cestos de riquezas
mais rica em mais
perguntas
menos respostas
andarilho calmo apesar da inquietação
mais disposto a serenidade ao riso
indisposto ao pranto
desencanto
não impiedoso mas tolerante
comigo
com os outros e
talvez
com a morte.
emergem certezas da ignorância
profundezas
mornas e fétidas
enganadoras mas no aparente vazio
estrelas lucilam qualquer rota apontam rumo
num pegar pela mão
um toque de esperança
sabendo não poder exigir a perfeição
sabendo
perder
perder e perdoar
rio pelo que tenho nos
cestos
e sou
preferência não
incesto incasto
sem sofrer ou maldizer o que
falta
o que vale é o afeto o amor único verbo sereno
a mover-se luz invisível iluminando a noite
anseio ilimitado com a vida
ah mundo cruel e confuso perdido e salvo
na ofuscante certeza da eternidade
no Amor insistente que o sustenta.
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