Amor difícil de encontrar

Procuro um amor
De aspecto físico atrevido no seu andar,
E povoe os meus sonhos com imagens descaradas.
Que ele exale pelos poros perfume de essência natural.

Um amor que tenha riso inconsequente
Tal veneziana de quarto aberta ao nível da rua.
Que, no contraponto,
Ele tenha sorriso discreto e jovial
E maquiagem leve para não pesar na aparência.

Teimo em procurar um amor decente.
Um pouco reprimido, mas safado quando necessário.
Que ele tenha história transparente
E venha de viagem sem muita bagagem antiga.

Procuro um amor que seja algo saltitante,
Ou talvez um pouquinho insolente ao caminhar,
E se pendure no meu braço ao passear de mãos dadas,
Se esfregue no meu corpo com jeitinho indiscreto,
Mas que ele seja, acima de tudo, elegante a cada passo.

Que na cama ele gema, grite, corcoveie e salive
Como égua no cio.
E ranja os dentes no apetite de abusar do meu corpo...
Mesmo que finja desejo sexual intenso.
Que ele engane, invente, role, e me faça um potro,
E me queira sempre por perto.

Um amor que não estipule coisa alguma.
Que nada estabeleça.
Doe na casualidade instintiva,
E fique “pra sempre” enquanto durar a chama.

Quando o dia de partir vier depois da última briga,
Que ele simplesmente não suma da minha cama...
Da minha vida...
Sem um beijo... Sem um aceno de adeus, ao menos.

Se assim for eu perderei um amor difícil de encontrar...
Que ele vá como chegou.
Enfim... Siga:
Satisfeito depois de tudo...
Por se sentir melhor que antes
Quando eu não era ainda realidade em seu existir.

E por ser mais difícil ir que chegar,
Leve o amor amante, contudo deixe a pessoa amiga,
Para não ficar vazio o lugar.