Antonio
Antonio Miranda Fernandes

Antonio,
Venho estar aqui com o teu poema um instante.
Venho só.
Tudo o que passou já se fez canto,
E foram encantos tantos que não importa as lágrimas...
Os desacatos...
Os desencontros...

O tempo cumpriu a sua obra...
Fomos homens, mulheres e crianças.
Amamos e fomos amados.
Em momentos de dor...
de amor...de alma...de corpo...de sanidade...de loucura...de tudo...
Engravidamos e parimos sonhos...esperanças...anjos...
Que nos acompanham na liberdade do voo.

Não estamos sós.
Não há a imensidão do deserto.
Temos a riqueza do nosso coração rubro como o sol de cada aurora.
Apaga da memória a tristeza das maldades... dos cinismos...
Coisas impertinentes...
Apenas vãs.

Arruma os teus atos de tal modo,
Que o presente seja toda a vida e eles tenham o sabor de saudade.
Assim...
Será sereno o futuro,
E o passado seja do tamanho e da pureza de uma margarida,
Com a beleza e o deslumbramento da eternidade,
Antonio.