Fantoche
Antonio Miranda Fernandes

... Os estertores moribundos do fantoche
ante a vontade do operador supremo...

Na boca o grito mudo da aceitação.

Os cordéis embaraçados num drama,
que pareceu ter perdido o sentido,
(interrompido no primeiro ato)
da peça teatral que lhe coube viver.

Pedaços de pau, de arames, desmantelados...
parafusos, botões, amontoados num canto
junto ao latão de coisas imprestáveis,
aonde está escrito "LIXO" como epitáfio.

Cabeça, corpo, braços, pernas, pés, mãos...
e páginas de uma existência,
entregues à voracidade dos carunchos.