Patos... Gansos... Galos... Gatos...
Antonio Miranda Fernandes

O meu abandono neste prazeroso balanço deitou à tarde
E o tagarelar das maritacas...
Acordou os patos...
Os gansos...
Os galos... (em cocoricar uníssono até os confins do vale)
Os gatos...(a rosnarem galanteios)
Lá embaixo o vilarejo parece um braseiro...
Dá a impressão que quando a brisa assopra ele reaviva o luzir...
O fogão a lenha aqui em cima ainda tem brasas...
Tímido... Meio sem graça... Faz fumaça...
E exala cheiro de lenha de eucalipto queimada.
O copo de cerveja esquecido pela sede morta
Está acolá... Pelo meio...
Sobre a enorme mesa de jatobá antigo... Amigo...
Feita por mim... Para doze pessoas... Enceradinha...
E os bancos também...
Ficarão neste mundão um tempão...
(diga-se de passagem... muito além da passagem...)
A chuva faz frigir na água da piscina que fica um pouco acima,
E tamborilar no telhado colonial...
Uma lufada de aragem bate uma porta... Em algum lugar...
Pouco ou nada importa... Menos mal...
Menos ainda ao meu sono...
Os pensamentos se fazem embotar nesta rede do nordeste...
Cabra da peste...
Devagar...
Devagarzinho...
Agora ficarei profundamente largado com as estrelas...
Elas reclamam...Coautoras dos versos que nascem...
O arremate do poema, se valer a pena e eu lembrar...
Será amanhã... De manhã...
Quem sabe? ...
Talvez...
Talvez...
Talvez...