Potro selvagem
Antonio Miranda Fernandes

Eu esboçava o desenho de um potro selvagem
Ele galopava como louco pelo verde azinhavre da planície
Eu o via pintado na cor negra
Sua crina era quase vermelha...
Cor de brasas... Para ser quase exato

Ele tinha as veias do pescoço dilatadas
E o suor em espumas espessas lhe escorria pelas ancas
Ele mostrava os dentes e tentava morder o vento

Das suas narinas saiam jatos esfumaçados de ar quente
Empinando em direção às nuvens e expondo o sexo rijo
Ele pressentiu a égua no cio que se aproximou e foi galopar ao seu lado

Ela se aproximou dele cheirando o ar
Ele galopou relinchando e corcoveando para seduzi-la
Mordeu-lhe o pescoço algumas vezes e ela estancou
Ele lambeu-lhe as entranhas babando de excitação

Ele bateu os cascos no chão e dele arrancou fagulhas
Ela encostou-se nele num convite de oferecimento
Ele como louco, subiu nela e a penetrou profundamente
E fez estremecer a quietude do mundo
O seus urros de prazer se misturaram aos ventos
E ecoaram pelos silêncios dos vales...

Eu... Na minha fantasia...
Dei-me conta que o potro arfava dentro do meu peito
E você ao meu lado acariciava os meus cabelos.