Sem palavras
Antonio Miranda Fernandes

Espocou tão alto na escuridão
a transparência de um grito
que os ecos se fizeram trêmulas aldravas,
e abriram à força o peito que murchara,
num dia que devia ser florido.
Secaram os girassóis na véspera do viço estorricar-se em deserto...

É na fundura do sofrimento, por certo,
e no uníssono da utopia poética,
que ainda tremeluzem estrelas,
e a lua arregala o olhar assustado
ao declamar poemas sem palavras,
e sem enredo, das gavetas do abandono.