O cão do pescador
Antonio Miranda Fernandes
...e o cão ladrava para o mar...
e o velho mar lhe respondia resmungão...
todas as tardes era o mesmo...
o cão muito zangado e chorão,
ladrava para o mar,
que indiferente a sua dor,
bramia a esmo...
...com o passar do tempo o cão
se foi definhando enrodilhado na mágoa,
no vento, no sol, na chuva, no frio e no abandono...
por fim ele era somente fome e ganidos,
sem sentido,
para o mundo que era só água,
e sem coração
pois não lhe devolvia o seu dono.