Nada dói como a solidão
Antonio Miranda Fernandes

Quando a memória recorda
Reflui o tempo dentro da gente
E vai lascando lembranças
E faz de cada uma estilhaço
Que é penetrado no passado
Pingando lágrimas salobras
Pelas frinchas do lembrado
Como afiada lamina de aço
Arrancando finas flechilhas
Que soltas no vento do tempo
Vão açoitando o olhar gretado
Exangue de prantos esgotado
Depois que a dor já foi sentida
Enfim, por maior que pareça
Saudade tinta se faz pequena

Ah!...Como eu queria sentir
Outra que prometesse porvir
Maior fosse que todas outras
Fizesse-me chorar novamente
Prantos que molhassem os pés
E meus passos continuassem
Pelas veredas dos sentimentos
Com a alma cheia de ilusões
Que fizessem o coração sorrir
Andarilho em busca de paixão
Mesmo que machucasse depois
Doendo no profundo do peito
Pois, nada dói como a solidão.