poema no lixo
Antonio Miranda Fernandes

tantos papéis imaginários carrego comigo...
todos esperam um rabisco,
um verso,
alguma coisa...
lamento o destino daqueles que se foram
por ingratidão minha
e eu,
agora,
sofro com isso
não havia percebido até então esse triste destino

estava na varanda
e vi homens jogarem o conteúdo
do tambor de lixo no caminhão que tritura tudo

quase pude ouvir o pedido de socorro do poema
que eu havia jogado fora...
parte minha...
gerado defeituoso
sem querer por ele e tampouco por mim...

vou criar uma pasta com etiqueta "incompletos"
e deixar lá,
em repouso,
o que hoje tem falhas,
talvez amanhã
os valores sejam diferentes e tudo se acerte